domingo, 14 de agosto de 2016

Agricultor não desiste de achar filho que sumiu há 2 meses: 'difícil sem ele'


Com lágrimas nos olhos, o agricultor Francisco da Silva, de 40 anos, força a memória a fim de lembrar da última vez que viu o pequeno Luciano Silva, de 10 anos. Há mais de dois meses, Silva tenta conviver com a dúvida sobre o desparecimento do filho, no dia 29 de maio, enquanto brincava em uma chácara na cidade de Porto Acre, interior do estado.
Pai de seis, o agricultor se emociona ao ser questionado sobre o primeiro Dia dos Pais sem um de seus filhos. Além de ter visto a rotina mudar sem a presença de Luciano, Silva tenta achar respostas para o desaparecimento da criança.
“Busco em Deus a esperança de um dia saber o que aconteceu com o meu filho. Difícil a gente procurar uma pessoa sem saber o que aconteceu com ela”, lamenta.
Em pensar que há pouco mais de um ano, o agricultor comemorava a data com a prole completa. Entre as mãos, humildemente, Silva mostra um singelo porta-retratos feito de papel emborrachado, lembrança de Luciano no último Dia dos Pais.
Mal sabia o agricultor que a imagem iria se tornar símbolo da busca incessante para saber o que realmente aconteceu com o pequeno.
“Primeiro Dia dos Pais sem ele. Não é fácil, ele era um dos meus filhos mais carinhosos. Essa foto, ele me deu no ano passado, na véspera do Dia dos Pais. Muito difícil ficar sem ele”, diz entre lágrimas.
A chácara, onde tudo aconteceu, tinha sido adquirida pelo agricultor há cinco dias antes do desaparecimento do menino. Ele havia trocado a casa na Vila do V pelo pedaço de terra em Porto Acre. Sem Luciano, o agricultor desfez o negócio e voltou a morar na pequena comunidade.
“Mudou nossa rotina. Duas semanas depois, a gente não comia e nem dormia. Depois que voltamos para a vila, com a ajuda dos amigos, as coisas foram ficando mais calmas. É muito doído”, diz.
Sumiço
A última vez que Luciano foi visto foi por volta de 16h30 do dia 29 de maio. O desaparecimento foi notado pelos pais quando o casal tentou chamá-lo para tomar banho. De acordo com o pai, o menino brincava com os primos em frente à casa da tia, que também ficava próximo à chácara.
O pai fez um boletim de ocorrência e a Polícia Civil passou a investigar o caso. Corpo de Bombeiro e Exército chegaram a ser acionados, mas sem sucesso nas buscas. A hipótese é de que o menino tivesse caído no rio, que fica a cerca de 100 metros da casa.
Hipóteses
Passados quase três meses, Silva acredita que o menino não tenha se afogado. Ele alega que o filho tinha medo de água e que também não foram encontrados vestígios no rio que apontassem um afogamento.
Outra possibilidade levantada na época pelo próprio pai foi a de que Luciano teria se perdido na mata. Porém, o pai descarta e diz que não acredita que o menino ainda esteja vivo.
A terceira hipótese levantada pela família é de que dois jovens, que moravam na área, teriam envolvimento com o sumiço do menino.
“Quando os bombeiros foram fazer as buscas chamaram a atenção da gente para dois jovens que não ajudavam em nada. Ficavam sentados e observando enquanto todo mundo procurava. Isso nos levantou a suspeita, mas o delegado informou que não havia testemunhas ou fatos contra os dois”, revela o pai.
O agricultor agora luta para que as autoridades possam lhe dar pistas do que pode ter ocorrido com o menino.
“A gente procura uma resposta, porque toda família já perdeu um ente querido, mas perder alguém sem saber para onde foi, fica muito difícil, muito doído para a gente”, finaliza.
'Sem indícios de crime'
O delegado de Porto Acre, que ficou a frente das investigações, destaca que todas as providências foram tomadas pelo Estado, mesmo que a área de onde o desaparecimento ocorreu seja parte de Boca do Acre, no Amazonas. Segundo ele, a comunidade foi ouvida e todos os órgãos foram acionados.
"A resposta disso depende de novas evidências. A polícia finalizou as buscas, ouviu as duas pessoas que a família apontava como tendo participação no caso, mas nada foi encontrado. Não há indícios de um crime, o que sabemos é que houve um desaparecimento, mas não como isso ocorreu", explica.
Pimentel relata também o fato sensibilizou o Estado e que as investigações continuam para que um dia seja solucionado o que de falto ocorreu com Luciano.
fonte g1.globo.com

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