terça-feira, 14 de junho de 2016

Delação de Eduardo Cunha não pode ser descartada

Situação do peemedebista se complica a cada dia

Como houve adiamento na semana passada, o Conselho de Ética poderá postegar novamente hoje a análise do parecer pró-cassação do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha. Mas, mesmo isso, será ruim para Cunha.

A cada dia que passa, surgem novas acusações de corrupção que dificultam a defesa do peemedebista. Na semana passada, ele estava pronto para obter uma vitória no Conselho de Ética e tentar se salvar no plenário da Câmara. Contava ainda com uma decisão da Comissão de Constituição e Justiça para facilitar seu plano de evitar a perda do mandato.

Nesta semana, houve uma piora na força política de Cunha. Até aliados dele já sugerem abertamente a renúncia à presidência da Câmara, da qual já está afastado mesmo pelo Supremo, para tentar obter uma punição menor, como a suspensão temporária do mandato. Apesar de negar a intenção de renunciar à presidência da Câmara, essa cartada faz parte da estratégia de Cunha para a eventual votação da cassação em plenário.

Qualquer que seja o desfecho dessa história, será ruim para o governo Temer. Se Cunha escapar, ficará evidente que isso aconteceu com a ajuda do Palácio do Planalto e do PRB, o que vai gerar desgaste para o governo e alimentar a tese de proteção ao presidente da Câmara em troca da ajuda para aprovar o pedido de abertura de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.

Esse cenário reforçaria a cobrança sobre o Supremo Tribunal Federal para punir Cunha e daria munição ao PT no debate público.

Se Cunha perder o mandato, seu caso poderá ser remetido do Supremo ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Nessa hipótese, não deve ser descartada uma delação de Cunha, a fim de tentar proteger a mulher e a filha, que também são investigadas. Isso seria dinamite pura.

Sistema em xeque

As revelações da “Folha de S.Paulo” sobre citações a Marina Silva (Rede) e José Serra (PSDB) nas delações de executivos da OAS são indicativos de que a Lava Jato não fará uma investigação seletiva, apesar do desejo de alguns políticos, como mostraram os diálogos gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com caciques do PMDB.

É preciso ter cautela para ver se essas citações à ex-senadora e ao ministro das Relações Exteriores serão confirmadas na homologação das delações. Também será preciso averiguar se foram contribuições legais ou via caixa 2.

De qualquer forma, esse episódio mostra que o sistema político atual está ruindo. Se as delações de executivos da Andrade Gutierrez já haviam mostrado o modus operandi da política brasileira, as delações dos integrantes da OAS e da Odebrecht implodirão esse sistema.

Ouça o comentário no “Jornal da CBN':

KENNEDY ALENCAR 
BRASÍLIA

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