quarta-feira, 20 de agosto de 2014


Marina diz que alianças estaduais estão mantidas, mas vai se preservar

Candidata discorda de algumas alianças aprovadas pelo PSB nos estados.
Ela não subirá a palanques de aliados do partido em SP, Rio e no Paraná.

Priscilla Mendes e Filipe  Matoso  Do G1, em Brasília
Marina Silva e o candidato a vice Beto Albuquerque durante o anúncio da chapa presidencial do PSB em Brasília (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters)Marina Silva e o candidato a vice Beto Albuquerque durante o anúncio da chapa presidencial do PSB em Brasília (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters)
A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, disse nesta quarta-feira (20) que as alianças regionais do partido não serão alteradas com sua candidatura a presidente pelo PSB, em substituição a Eduardo Campos. Oficializada na noite desta quarta como presidenciável do partido, a ex-senadora disse, porém, que vai se preservar e não subirá nos palanques de candidatos com os quais não concorda.
Desde que Marina Silva começou a ser apontada como substituta de Eduardo Campos – morto em um acidente aéreo na semana passada – uma das preocupações do partido tem sido as alianças regionais firmadas sob a liderança de Campos.
Questionada sobre o assunto durante entrevista nesta quarta, após oficialização do seu nome como candidata à presidente, Marina Silva disse que as alianças serão conservadas. “Essa foi a construção que fizemos e obviamente é a construção que está mantida”, disse.Em pelo menos três estados o PSB fez alianças criticadas por Marina Silva. Em São Paulo, o partido apoia o governador e candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB). No Rio de Janeiro, o PSB se coligou com o PT para apoiar o candidato Lindberg Farias e, no Paraná, o nome apoiado pelo PSB é o de Beto Richa (PSDB).
O candidato a vice-presidente, Beto Albuquerque, representará o PSB nos palanques em que Marina não participará, conforme informou o Blog do Camarotti.
“Sob a liderança de Eduardo, conseguimos 14 estados em que temos candidaturas, em que a Rede e o PSB estão de acordo com essas candidaturas. Havíamos estabelecido que onde isso não fosse possível, o PSB teria suas escolhas e a Rede, as suas”, explicou a candidata.
A Rede Sustentabilidade é o partido que Marina Silva tentou criar, mas não teve o registro aprovado pela Justiça Eleitoral. Por isso, integrantes do partido ingressaram no PSB para poder concorrer na eleição.
"A única diferença é que a figura de Eduardo passa agora a ser a figura de Beto e eu continuo preservada de acordo com aquilo que dissemos que faríamos”, declarou.
O PSB, segundo a candidata, fará “esforço muito grande” para evitar uma campanha de embates. “Queremos dialogar com a presidente Dilma sem ser a cultura do poder pelo poder que nos leva ao ódio", declarou.O candidato a vice-presidente disse que “não há nenhum estresse” em relação às alianças regionais. “Em São Paulo e no Paraná, não foi uma aliança ocasional. O PSB já ocupava esses governos. No Rio de Janeiro, também houve tratativas e tomamos decisão soberana no Rio ao redor da candidatura do Lindberg, de forma que não há nenhuma alteração nisso. Estarei sempre respeitando todas as atividades nesses estados”, declarou Beto Albuquerque.
Marina Silva acrescentou que não usará as redes sociais para caluniar ou difamar nenhum candidato. “Queremos uma campanha clara e transparente”, disse.
Agronegócio
Questionada sobre eventuais divergências com o agronegócio, Marina afirmou que as propostas do PSB foram levadas ao setor durante sabatina na Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e que os produtores conhecem o programa de governo do partido.

Marina defendeu que há no país produtores rurais que conseguem integrar a produção com a proteção ao meio ambiente. A candidata do PSB à Presidência afirmou que é possível "avançar" no aumento da produção com a utilização cada vez menor de recursos naturais.
"Quando o Eduardo foi à CNA fazer o debate, ele levou nossas propostas e é com essas propostas que vamos dialogar com o agronegócio. (...) Muita gente está esperando sobre como vamos viabilizar os meios produzindo mais e utilizando cada vez menos recursos naturais", disse.
Marina defendeu o "manejo sustentado" das florestas e afirmou que o Brasil tem grande potencial em termos econômicos e que é capaz de unir a agricultura familiar e o agronegócio ao desenvolvimento sustentável. "E eu discordo de que nossos agricultores reivindicam produzir sem preocupações com a agenda ambiental e social. Estas pessoas que pensam assim não representam a maioria dos agricultores brasileiros", concluiu.
Política econômica
Marina Silva afirmou que garantirá “autonomia” ao Banco Central e, ao comentar a política econômica de seu eventual governo, disse que é o Brasil precisará de nova base política para atrair novos investimentos.

“Não sou da política do quanto pior, melhor. Eu torço para que a inflação não venha a fazer o que todos estão dizendo, sinceramente. Todos sabemos que os investimentos precisam acontecer no nosso país e isso só acontecerá naturalmente quando tivermos nova base política que dê credibilidade para os novos investimentos”, ressaltou.
Marina repetiu uma das frases mais utilizadas por Eduardo Campos em debates e entrevistas e afirmou que "a presidente Dilma entregará o país pior do que recebeu."

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